terça-feira, 30 de agosto de 2011

Quando deixei de ser supersticioso... arrependi-me logo a seguir!

Quando entrei no Ciclo Preparatório, entrei com uma superstição, baseada na expressão popular que diz para entrarmos nas coisas com o pé direito. Hoje ainda se vê isso muito nos campos de futebol, não é?
Pois fiz isso mesmo, entrei logo no primeiro dia de aulas do 1.º ano com o pé direito. E sempre assim fiz esse ano, e assim reentrei na escola no 2.º ano do ciclo. Até que um dia achei que aquilo, se calhar, era uma patetice; além disso, já estava a começar a ficar farto de tantas vezes ter de acertar o passo à entrada da escola. Pronto, um dia, enchi-me de convicção e com algum exagero mesmo entrei com o pé esquerdo.
Não sei porquê, tenho ideia de ter sido a uma terça-feira, pormenor que provavelmente não tem importância nenhuma.
Ora aconteceu que nesse dia tínhamos aula de Matemática, com o professor "Cocita", lembram-se? Pois bem, nessa aula ele chamou-me ao quadro e fez-me uma chamada sobre ângulos e triângulos, com revisão de alguma matéria do 1.º ano. A coisa não correu bem. No fim da chamada, eu, ali no estrado, virado para a turma toda e para ele, que estava sentado numa das carteiras dos alunos, ouvi-o dizer-me: "Ai, ai, senhor Pinto, como isso anda!... Tem 8!..." Foi um oito prolongado, que o professor parecia que não queria parar de dizer, aposto que porque sabia o efeito que estava a provocar em mim e estava a divertir-se com isso. (Os pruridos que hoje em dia há em falar em coisas das escolas e das aulas obrigam-me a dizer que ele não estava a ser nada ofensivo, era o jeito dele, como a gente bem lhe conhecia) Depois ainda se levantou, veio na minha direção e "afagou-me" as orelhas naquele seu estilo muito pessoal.
Eu nunca tinha tido, até ali, uma negativa, nem em testes, nem em chamadas!...
Já estão a ver o que aconteceu a seguir: voltei imediatamente à superstição de entrar com o pé direito na escola, pois claro! (Evidentemente, também tive o cuidado de passar a estudar um pouquinho mais de Matemática. No ano a seguir, já no curso comercial, voltei a ter uma experiência parecida, a Direito Comercial, com o professor Consciência, depois contarei essa ocorrência noutro apontamento neste blogue)
Só no 5.º ano me decidi outra vez a ousar quebrar a superstição. E não aconteceu nada de mal no dia em que o fiz! Boa! E pronto, até hoje. Mas nunca mais me esqueci daquela manhã em que fui "forte" a entrar na escola com o pé esquerdo. Quantas vezes, agora, a entrar na escola em que dou aulas, me lembro do que aconteceu. Até já houve alunos que me perguntaram: "Ó 'stôr', porque é que se vai a rir assim?..." "Um dia vos conto..." respondo-lhes eu. Mal sabem eles que quem vai naquele momento a entrar na escola é o o aluno, de farda azul, à entrada da sua escola, em Abrantes, que um dia ousou desafiar o saber supersticioso das culturas populares... e se tramou com isso!...

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