Lembro-me, lá perto dos meus 15 anos (mais ano, menos ano), de uma conversa que, um dia, lá na escola, ia tendo com o Cunca, na descida do campo de andebol para o pátio dos rapazes (sim, como a tv popularizou, nós "ainda somos do tempo em que" os pátios, as escadas de acesso e a maioria das turmas eram diferentes para rapazes e raparigas), em que dizíamos um para o outro, muito cientes das palavras que usávamos, que tínhamos que aproveitar o melhor possível os momentos da escola. É que tínhamos a perfeita consciência que estávamos a viver os melhores anos da nossa vida, precisamente os que, regra geral, deixam mais saudades.
Penso que mais alguém ia connosco, não éramos só os dois, mas hesito em identificar quem fosse. Por isso, o melhor é não fazê-lo. Era giro que mais alguém se lembrasse desta conversa!...
Não tenho dúvidas que há quem nunca mais queira voltar à sua infância e à sua juventude. Respeito quem assim sinta, e por isso não me atrevo a ser mais exuberante com a alegria e a satisfação dos meus verdes anos.
Os anos da meninice e da juventude são, na sua natureza psicológica, anos de ilusões e de magia; por isso nos deixam saudades bem especiais. Até acabei por vir a aprender a falar disto com os termos muitos técnicos da ciência que abracei na minha formação universitária, a Psicologia.
O que subscrevo inteiramente neste tema que os Pólo Norte interpretam (ou reinterpretam) é que daria mesmo alguns anos da minha vida para me voltar a encontrar com os meus velhos colegas de escola, exatamente assim como nós éramos nesse tempo. Um dia só que fosse, por meia dúzia de anos da minha vida! Ai não que não daria!
Não éramos amigos de todos, nem todos eram nossos amigos, é sempre assim. Mas todos tínhamos amigos, até os que diziam que não tinham amigos tinham amigos. Se nos encontrássemos todos outra vez, os que já eram nossos amigos, que bom iria ser revê-los!... E, quem sabe?, alguns dos nessa altura não eram nossos amigos passariam a sê-lo a partir deste dia!
Já viram o que seria a minha vaidade e a do Cunca a dizermos um ao outro: "A gente já sabia mesmo como ia ser esta coisa das saudades!..."?
Já viram o que seria podermos dar um abraço aos que já nunca mais poderemos abraçar?
Isto não é saudosismo, pois não?... Isto não é lamechice, pois não?...
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